Oi! É o José novamente.
Ontem à noite, meu filho derrubou o copo de suco pela terceira vez no jantar. Não foi acidente — foi aquele lance de olhar nos meus olhos e empurrar o copo devagar, testando limites, esperando minha reação.
Sabe o que passou pela minha cabeça em 2 segundos?
“Respira. Disciplina positiva. Nomeia a emoção. Estabelece o limite com empatia. Não grita. Explica as consequências naturais. Oferece escolhas. Valida o sentimento. Mantém a calma. Seja o adulto regulado. Lembra que o cérebro dele ainda está em desenvolvimento e…”
No meio desse monólogo interno de auto-coaching parental, percebi algo: eu estava tão preocupado em “fazer certo” que nem estava realmente lidando com a situação. Estava performando paternidade para um plateia imaginária de especialistas dentro da minha cabeça.
E aí me veio a pergunta que não quer calar: quando criar filhos virou um exame de performance onde sempre tem alguém avaliando cada movimento nosso?
Se você já sentiu isso — esse peso de estar sempre sendo julgado, medido, comparado — esse texto é um abraço virtual. E também um convite para a gente questionar juntos: o que diabos aconteceu com a paternidade?
A Paternidade Que Nossos Pais Conheciam (E Por Que Ela Morreu)
Vou te contar uma história que minha mãe me contou.
Quando eu era bebê, ela me levava para reuniões de família, eventos, casas de amigos. Eu ficava no carrinho, no colo de quem pegasse, às vezes chorando, às vezes dormindo. A vida adulta continuava. As conversas aconteciam. Eu me adaptava.
Hoje? Hoje você leva uma criança a um restaurante e tem 47 coisas na bolsa para “entretê-la”: livrinhos, brinquedinhos, tablets com joguinhos educativos, lanches cortados em formatos divertidos. Porque Deus me livre a criança ficar entediada por 5 minutos ou fazer barulho e incomodar os outros.
Não estou dizendo que é errado preparar-se. Estou dizendo que algo mudou fundamentalmente na forma como encaramos as crianças e nosso papel como pais.
De Coadjuvantes a Protagonistas
Antigamente, crianças eram parte da família, mas não o centro absoluto dela. Os pais tinham suas vidas, seus interesses, suas conversas. As crianças circulavam por esse mundo adulto, aprendendo por observação, adaptando-se, descobrindo como funcionar em sociedade.
Hoje, tudo gira em torno das crianças. A agenda da família é ditada pelas atividades deles. Conversas adultas são constantemente interrompidas e imediatamente direcionamos atenção para a criança. Refeições são planejadas em torno das preferências deles. Férias são escolhidas baseadas no que vai “entreter” os pequenos.
Quando a criança virou o sol e os adultos viraram satélites em órbita?
A Escalada da Responsabilidade Total
Tem algo mais insidioso acontecendo. Aos poucos, sem percebermos, fomos convencidos de que somos 100% responsáveis por absolutamente tudo que acontece com nossos filhos.
Seu filho é tímido? Você não socializou ele suficientemente. Seu filho é agitado demais? Você deu muito açúcar, muito tempo de tela, não estabeleceu rotina suficiente. Seu filho não gosta de ler? Você não leu o suficiente para ele nos primeiros anos. Seu filho tem dificuldade na escola? Você não estimulou adequadamente. Seu filho ficou frustrado? Você não ensinou regulação emocional direito.
A mensagem subliminar é clara: qualquer “problema” que seu filho tenha é falha sua.
E isso é, no mínimo, injusto. No máximo, é uma crueldade psicológica.
Porque a verdade que ninguém quer admitir é esta: crianças são pessoas. Elas vêm ao mundo com temperamentos, personalidades, predisposições genéticas, sensibilidades próprias. Você influencia? Claro. Você controla tudo? Absolutamente não.
Mas fomos vendendo nossa alma para essa narrativa de controle total. E agora estamos pagando o preço.
A Economia da Ansiedade Parental
Vamos falar sobre algo que poucos mencionam: tem muita gente ganhando muito dinheiro com a nossa insegurança.
A Indústria do “Você Está Fazendo Errado”
Pense em quantos produtos, serviços, cursos, livros, aplicativos existem hoje prometendo resolver os “problemas” da sua paternidade:
- Cursos de sono infantil (porque aparentemente crianças que acordam à noite são uma epidemia moderna)
- Consultores de amamentação, desmame, introdução alimentar
- Especialistas em birras, limites, disciplina positiva
- Apps de monitoramento de desenvolvimento
- Brinquedos “educativos” que prometem estimular o cérebro
- Escolas com métodos “revolucionários”
- Coaches parentais de todo tipo
- Livros e mais livros sobre cada aspecto imaginável da criação de filhos
Não estou dizendo que esses recursos são ruins. Muitos são genuinamente úteis. Estou dizendo que existe uma indústria bilionária construída em cima da mensagem: “você não é suficiente, você precisa de ajuda, você está fazendo errado, compre isso aqui para consertar”.
E essa indústria depende de você se sentir inadequado. Porque pais confiantes não compram soluções para problemas que não acham que têm.
O Algoritmo Que Alimenta Sua Ansiedade
As redes sociais descobriram algo: conteúdo que gera ansiedade gera engajamento.
Sabe aquele vídeo que te aparece: “5 sinais de que seu filho pode ter atraso no desenvolvimento”? Você provavelmente vai clicar. Mesmo que seu filho esteja perfeitamente bem. Porque e se…?
Ou aquele post: “Coisas que você NUNCA deveria dizer para seu filho”. Você lê. Descobre que já disse 3 das 10. Sente culpa. Procura mais conteúdo sobre como “consertar”. O algoritmo registra: “esse usuário se interessa por conteúdo de parentalidade”. Mais conteúdo parecido é empurrado para você.
Em pouco tempo, seu feed é uma avalanche constante de:
- “Você está fazendo isso errado”
- “Seu filho pode ter isso aqui”
- “Se você não fizer isso, seu filho vai sofrer as consequências”
- “Essa mãe faz assim, por que você não?”
É um ciclo vicioso. Quanto mais você consome, mais ansioso fica. Quanto mais ansioso, mais você busca informação para acalmar a ansiedade. Mas a informação só gera mais ansiedade. E o ciclo continua.
A Competição Invisível
Tem outra coisa acontecendo. Parentalidade virou esporte competitivo.
Quem consegue fazer o aniversário mais elaborado. Quem tem a lancheira mais saudável e instagramável. Quem coloca o filho em mais atividades extracurriculares. Quem consegue manter a casa arrumada E trabalhar E estar presente E fazer comida caseira E ter paciência infinita.
É uma competição onde ninguém admite que está competindo. Mas todos sentem a pressão.
E sabe quem sempre perde nessa competição? Todo mundo. Porque não tem linha de chegada. Sempre tem alguém fazendo “mais” ou “melhor”.
O Peso Invisível Que Carregamos
Deixa eu te contar como é um dia típico dentro da cabeça de um pai/mãe moderno:
6h30: Acorda. Primeira checagem do celular ainda na cama. Três notificações do grupo da escola. Já sente aquela leve ansiedade de estar “perdendo” alguma informação importante.
7h00: Café da manhã. Oferece fruta, mas a criança quer biscoito. Micro-decisão: briga agora pela fruta e corre risco de atrasar para escola, ou deixa comer biscoito e carrega a culpa de não estar oferecendo alimentação ideal?
7h45: Trânsito para escola. Criança pedindo tablet. Outra micro-decisão: dá o tablet (mas acabou de ler um artigo sobre como tempo de tela prejudica desenvolvimento) ou não dá (mas a criança vai fazer birra e você está exausto demais para lidar)?
8h00: Chegada na escola. Todas as outras crianças descendo dos carros com lancheiras lindas, mães impecáveis. Você olha para a lancheira com o pão velho que não teve tempo de trocar. Culpa.
9h00: Trabalho. Mas metade da sua mente está preocupada: será que a professora vai mandar mensagem sobre algum comportamento? Será que ele está se integrando bem? Será que…?
12h00: Almoço. Scrolling rápido no Instagram. Vê 3 posts de mães falando sobre atividades incríveis que fizeram com os filhos. Você não se lembra da última vez que fez uma “atividade” que não fosse apenas sobreviver ao dia. Mais culpa.
15h00: Mensagem da escola. Seu filho se envolveu em um conflito com colega. Imediatamente sua mente vai para: “estou falhando em ensinar regulação emocional / habilidades sociais / empatia”.
18h00: Busca na escola. Criança cansada, você cansado. Ela quer fast food, você sabe que “deveria” cozinhar algo nutritivo. O julgamento interno começa.
19h00: Jantar. Mesa bagunçada, criança reclamando da comida. Você perde a paciência. Grita. Imediatamente se arrepende. “Eu sou um péssimo pai/mãe. Um pai/mãe de verdade não gritaria.”
20h00: Hora do banho e rotina de sono. Lê que rotinas são importantes. Tenta implementar. Criança não coopera. Frustração de ambos os lados.
21h00: Finalmente criança dormiu. Você pega o celular, exausto. Vê posts de pais fazendo melhor que você. Artigos sobre coisas que você deveria estar fazendo. Mais culpa. Mais inadequação.
22h00: Deita. Cérebro não desliga. Fica repassando todos os momentos do dia onde “falhou”. Planeja como vai fazer melhor amanhã. Dorme mal.
Repete no dia seguinte.
Reconhece esse ciclo? É exaustivo só de ler. Imagine viver isso todos os dias.
As Máscaras Que Usamos
Sabe o que é mais triste em tudo isso? A solidão.
Estamos todos passando por isso. Todos nos sentindo inadequados. Todos exaustos. Todos com medo de admitir que não estamos dando conta.
Mas continuamos usando nossas máscaras.
A Máscara da “Mãe/Pai que Tem Tudo Sob Controle”
No grupo de WhatsApp da escola, você responde: “Tudo ótimo por aqui! 😊”
Não menciona que teve uma crise de choro no chuveiro ontem porque está sobrecarregado. Não fala da bronca que deu no seu filho e da culpa que está sentindo. Não admite que jogou uma pizza congelada no jantar pela terceira vez essa semana.
Porque se você admitir, vai ser “aquele pai/mãe que não está dando conta”. E isso é assustador.
A Máscara do “Meu Filho É Perfeito”
Você posta a foto linda do fim de semana em família. Todos sorrindo.
Não posta que 5 minutos antes todo mundo estava brigando. Que seu filho fez a maior birra porque queria sorvete. Que você e seu parceiro(a) discutiram no caminho.
Porque mostrar a realidade é mostrar imperfeição. E imperfeição virou sinônimo de fracasso.
A Máscara da “Tenho Certeza do Que Estou Fazendo”
Quando alguém pergunta sobre suas escolhas parentais, você responde com convicção. Explica seu método, sua filosofia, suas razões.
Não menciona as 3 da manhã onde você estava no Google duvidando de tudo. A insegurança constante. As vezes que mudou de ideia. As vezes que simplesmente improvisou porque não tinha a menor ideia do que fazer.
Porque admitir dúvida é admitir que talvez você não saiba o que está fazendo. E pais “bons” supostamente sabem, certo?
O Custo da Performance
Essas máscaras são pesadas. E usá-las 24/7 é exaustivo.
Pior: elas nos isolam. Porque quando ninguém está sendo honesto sobre suas dificuldades, todos se sentem sozinhos nas suas.
Você olha ao redor e pensa: “Sou só eu que não dou conta?” E todos ao seu redor estão pensando exatamente a mesma coisa. Mas ninguém fala.
E Se Parássemos de Fingir?
Aqui vai uma proposta radical: e se a gente simplesmente… parasse?
Parasse de tentar ser perfeitos. Parasse de performar. Parasse de competir. Parasse de fingir que estamos sempre bem.
E se a gente admitisse a verdade?
A Verdade É Que…
Todos nós gritamos às vezes. Mesmo os pais que fazem cursos de disciplina positiva. Mesmo aqueles que postam sobre comunicação não-violenta. Porque somos humanos e humanos têm limites.
Todos nós servimos nuggets e miojo. Não é todo dia festival de vegetais orgânicos aqui não. Às vezes é um sanduíche de queijo e pronto. Às vezes nem temos energia para o sanduíche.
Todos nós usamos telas como babá eletrônica às vezes. Aqueles “especialistas” que dizem que nunca fazem isso? Ou estão mentindo ou têm uma equipe de apoio que você não tem.
Todos nós perdemos a paciência. Aquela paciência infinita dos posts motivacionais? Não existe. Paciência é um recurso finito. E quando você está no seu limite, você perde. É normal.
Todos nós temos dias ruins. Dias onde não queremos brincar de massinha. Dias onde a mera ideia de ouvir “mãe/pai” pela 847ª vez nos faz querer nos esconder no banheiro.
Todos nós nos arrependemos de coisas que fizemos ou dissemos. E isso não nos torna monstros. Nos torna humanos que aprendem.
Todos nós temos medo de estar estragando nossos filhos. Essa preocupação, ironicamente, é evidência de que você se importa. Pais ruins não ficam acordados à noite preocupados se são bons pais.
O Poder da Honestidade
Sabe o que acontece quando você tira a máscara?
Primeiro, você respira. Finalmente. Porque fingir é cansativo.
Segundo, você dá permissão para outros tirarem suas máscaras também. Você cria um espaço seguro de honestidade.
Terceiro, você descobre que não está sozinho. Que suas “falhas” são universais. Que todos estamos na mesma luta.
E quarto — e talvez mais importante — você se reconecta com algo essencial: sua humanidade.
Porque no final das contas, o que seus filhos precisam não é de super-heróis infalíveis. Eles precisam de humanos reais que os amam, que tentam, que erram, que se corrigem, que crescem.
Redescobrindo a Paternidade “Normal”
Então, como voltamos? Como recuperamos o direito de ser apenas… pais? Sem todos esses add-ons de perfeição e performance?
1. Defina “Bom o Suficiente”
O conceito de “good enough parenting” (paternidade boa o suficiente) foi cunhado pelo psicanalista Donald Winnicott e é libertador.
A ideia é simples: você não precisa ser perfeito. Você precisa ser bom o suficiente.
Bom o suficiente significa:
- Seu filho se sente amado na maior parte do tempo
- Suas necessidades básicas são atendidas
- Você está presente (mesmo que não sempre)
- Você repara quando erra
- Existe segurança e previsibilidade razoável
Isso é tudo. Esse é o padrão. Não “mãe/pai do ano”. Não performance de Instagram. Bom o suficiente.
E aqui está o kicker: pesquisas mostram que “bom o suficiente” produz crianças tão (ou até mais) resilientes e bem-ajustadas quanto tentativas de perfeição. Porque crianças precisam ver adultos sendo humanos, cometendo erros, se recuperando.
2. Pare de Buscar Validação Externa
Toda vez que você se pegar pensando “o que fulano vai achar disso?”, pare.
A opinião que importa não é da sogra. Não é das mães da escola. Não é dos seguidores do Instagram. Não é até mesmo dos “especialistas”.
As opiniões que importam são: a sua e, eventualmente, do seu filho quando ele for adulto e olhar para trás.
Faça a pergunta certa: “Isso funciona para MINHA família? Meu filho está bem? Eu estou bem?”
Se sim, o resto é ruído.
3. Reduza a Exposição ao Veneno Digital
Eu sei que já falamos sobre isso antes, mas merece repetir: suas redes sociais estão adoecendo você.
Se você sai do Instagram se sentindo pior do que quando entrou — mais inadequado, mais ansioso, mais culpado — é um sinal claro.
Tente isso:
- Delete o aplicativo do celular por uma semana. Uma semana. Só para ver como se sente.
- Se não consegue deletar, pelo menos desative notificações.
- Substitua o tempo de scroll por algo que te nutre de verdade: ler um livro, caminhar, conversar com um amigo de verdade.
Aposto que em uma semana você vai se sentir mais leve. Mais confiante. Mais presente.
4. Priorize Conexão Sobre Correção
Numa situação difícil com seu filho, pergunte-se: “O que é mais importante agora: estar ‘certo’ ou manter a conexão?”
Às vezes a resposta é: preciso estabelecer um limite claro, mesmo que isso cause conflito momentâneo.
Mas muitas vezes — muitas mesmo — a resposta é: a conexão é mais importante que essa batalha específica.
Seu filho comeu biscoito no café da manhã em vez de fruta? Conexão é mais importante.
Ele quer usar aquela roupa ridícula para escola? Conexão é mais importante.
Ela não quer escovar os dentes com a técnica perfeita hoje? Conexão é mais importante.
Escolha suas batalhas. E na dúvida, escolha o relacionamento.
5. Abrace o Tédio (Seu e Deles)
Você não precisa entreter seu filho 24/7.
Tédio é bom. Tédio desenvolve criatividade. Tédio ensina auto-regulação. Tédio é uma habilidade importante.
E você também pode ficar entediado sem culpa. Você não precisa achar brincadeira de criança fascinante. Você pode achar repetitivo e maçante — porque é.
Brinque com seu filho? Sim. Precisa fingir que é a coisa mais interessante do mundo? Não. Precisa ser a fonte de entretenimento constante deles? Definitivamente não.
6. Rearranje o Sistema Solar Familiar
Lembra quando falamos que a criança virou o sol? Hora de rearranjar.
Sua família é um sistema. Todos são importantes. As necessidades de todos importam.
Isso significa:
- Você pode ter conversas adultas sem interrupção constante da criança. “Mamãe/Papai está falando agora, você pode esperar.”
- Você pode escolher um restaurante que VOCÊ quer ir, não só os “kids-friendly”.
- Você pode ter hobbies e interesses além da paternidade.
- Você pode — deve — dedicar tempo ao seu relacionamento com seu parceiro(a) que não gire em torno das crianças.
- Você pode dizer não para atividades/compromissos que não servem sua família, mesmo que “todas as outras crianças estejam fazendo”.
Crianças que crescem sabendo que não são o centro do universo se tornam adultos mais empáticos e adaptáveis. Você não está sendo egoísta. Está modelando equilíbrio saudável.
7. Confie no Processo (E na Resiliência das Crianças)
Crianças são surpreendentemente resilientes.
Aquele dia que você gritou? Ele provavelmente nem vai lembrar daqui a uma semana.
Aquela vez que serviu pizza três dias seguidos? Não vai causar deficiências nutricionais.
Aquela tarde que você estava cansado demais para brincar e deixou ele assistir TV? Não vai arruinar o desenvolvimento cerebral.
O que fica não são momentos isolados. O que fica é o padrão geral. A sensação global de segurança, amor, pertencimento.
Você pode errar muito e ainda assim criar uma criança feliz e saudável. Porque o amor cobre uma multitude de imperfeições.
Uma Carta Para o Pai/Mãe que Você É
Querido(a),
Eu sei que você está cansado(a).
Eu sei que você vai dormir com aquele peso de “poderia ter feito melhor hoje”. Eu sei que você vê outros pais aparentemente se virando melhor e se pergunta o que está fazendo de errado.
Eu sei que você ama seu filho mais do que tudo, mas às vezes — só às vezes — quer um dia de silêncio. E que isso te faz sentir culpado.
Eu sei que você está fazendo malabarismos com 47 coisas ao mesmo tempo e se sentindo inadequado em todas elas.
Mas eu preciso te dizer algo:
Você é suficiente.
Não a versão futura de você que será mais paciente, mais organizada, mais presente. Você, agora, com todas as suas imperfeições e limitações.
Você é suficiente.
Seu filho não precisa de perfeição. Ele precisa de você — real, presente, tentando.
Aquele momento que você considera seu “pior momento da semana”? Seu filho provavelmente nem registrou. Mas aquele abraço que você deu, aquela risada que vocês compartilharam, aquele “eu te amo” antes de dormir? Isso ele sentiu. Isso fica.
Você não está competindo com ninguém. Não existe placar. Não tem prêmio de “pai/mãe do ano”.
Existe só você e seu filho, crescendo juntos, aprendendo juntos, errando e acertando juntos.
E isso é lindo. Bagunçado, imperfeito, exaustivo — mas lindo.
Então respira. Solta os ombros. Para de se comparar.
Você está fazendo melhor do que pensa.
Com carinho, Alguém que também está nessa luta
Juntando os Pedaços
Então, voltando à pergunta original: quando foi que perdemos o direito de ser pais “normais”?
Não sei exatamente quando. Foi gradual. Uma pressão aqui, uma expectativa ali, uma comparação acolá. Até que de repente estávamos todos tentando ser super-heróis em vez de simplesmente humanos.
Mas a boa notícia?
Podemos pegar de volta esse direito. Hoje. Agora.
Podemos decidir que bom o suficiente é, bem… suficiente.
Podemos decidir que imperfeição não é fracasso, é humanidade.
Podemos decidir parar de performar e começar a simplesmente viver.
Podemos decidir tirar as máscaras e ser reais — com nossos filhos, com outros pais, com nós mesmos.
Não vai ser fácil. A cultura ao redor ainda vai empurrar perfeição. O algoritmo ainda vai mostrar vidas editadas. Sua sogra ainda vai ter opiniões.
Mas você pode escolher não participar dessa corrida. Você pode escolher sair do jogo da performance parental.
E quando você fizer isso — quando você permitir-se ser humano, imperfeito, “bom o suficiente” — algo mágico acontece:
Você finalmente pode aproveitar essa jornada. Não como uma provação a ser superada ou um exame a ser passado, mas como a aventura caótica, linda e única que é criar um ser humano.
Até a Próxima
Aqui no papaisdehoje.com, a gente está construindo um espaço onde imperfeição não só é permitida — é celebrada.
Onde você pode dizer “hoje foi um dia terrível” sem julgamento.
Onde a gente ri das trapalhadas em vez de fingir que não existem.
Onde ninguém é o especialista perfeito, apenas pais e mães na mesma luta, apoiando uns aos outros.
Porque no final, não precisamos de mais pressão. Não precisamos de mais listas do que fazer ou não fazer. Não precisamos de mais comparações.
Precisamos de comunidade. De honestidade. De alguém dizendo: “Ei, você não está sozinho nisso. Eu também estou improvisando. E está tudo bem.”
Então aqui está meu convite: seja o pai, a mãe “normal” que você já é. Com seus dias bons e ruins. Com seus acertos e erros. Com seu amor imperfeito mas real.
Porque seu filho não precisa de um Instagram-parent.
Ele precisa de você.
E você? Quando foi a última vez que se permitiu ser imperfeito sem culpa? Que momento da paternidade/maternidade te faz sentir mais pressionado(a)? Vamos conversar nos comentários — sem máscaras, sem performance, só a real.
Compartilhe esse texto com aquele amigo ou amiga que precisa ouvir que está fazendo um bom trabalho. Vamos espalhar um pouco de compaixão nesse mundo de cobranças.
Você está se saindo bem. Mesmo que não pareça. Mesmo que ninguém te diga.
Respira. Você é suficiente. 💙Tentar novamente
O Claude pode cometer erros.
Confira sempre as respostas.
Sonnet 4.5
